Presidente do PSDB no Ceará, Luiz Pontes disse que quer formar chapa de oposição até novembro próximo. FOTO: JOSÉ LEOMAR |
Dirigentes cearenses do PSDB e do PR decidiram cobrar uma posição do senador Eunício Oliveira, presidente estadual do PMDB, quanto às eleições do próximo ano. Eles, e dizem não estar sozinhos nessa empreitada, querem saber, o quanto antes, ainda neste ano, qual a disposição do senador em disputar um cargo majoritário, de governador ou à reeleição, e, se com os aliados do pleito de 2014 e 2016, ou com o grupo situacionista, apoiando a pretensa reeleição do governador Camilo Santana, de quem foi adversário na última disputa estadual.
Luiz Pontes e Roberto Pessoa, principais representantes das duas maiores siglas adversárias no Estado, estão visivelmente incomodados com as informações, registradas neste espaço, no início deste mês, e não contestado pelos atores citados, Eunício e Camilo, sobre o entendimento para a participação do peemedebista na chapa senatorial do chefe do Executivo cearense, na companhia do ex-governador Cid Gomes, disputando a outra vaga no Senado pelo PDT. Reservadamente, Luiz e Roberto conversaram com o senador Tasso Jereissati na última quinta-feira. Na pauta estava o ultimato a Eunício, e a estratégia das oposições para 2018, com ou sem o peemedebista.
Para Roberto Pessoa, Eunício, Camilo e Roberto Cláudio estão compartilhando muito as mesas de almoços e jantares. Vão acabar “engordando demais”. E como esse tipo de encontro tão frequente só acontece entre aliados, é preciso que o senador venha a público dizer “se está ou não conversando sobre aliança com eles”.
Bloco na rua
A disposição dos dirigentes dos partidos de oposição é dar um prazo, até meados de outubro, quando estarão definidas todas as normas legais da próxima disputa eleitoral, para Eunício dizer se continua ou não no bloco organizado para os dois últimos pleitos, quando eles se organizaram para enfrentar os candidatos de Cid e Ciro Gomes.
Luiz Pontes entende ser o mês de novembro o limite para todos os acertos da oposição. Não dá para aceitar, como fala Eunício, esperar chegar o ano eleitoral para discutirem alianças e candidaturas. “Em novembro o bloco tem que estar na rua”, diz o tucano, admitindo, implicitamente, não contarem mais com o concurso do peemedebista, encabeçando ou compondo a chapa majoritária concorrente do governador. O PSDB vai montar um palanque no Ceará, também para abrigar o candidato do partido à sucessão presidencial.
No entendimento de Pessoa, só os governistas, até pelas benesses sob suas ordens, atraente a todos quantos gostam de estar apegado ao Poder, têm o privilégio de empurrar com a barriga suas definições sobre o pleito seguinte. A oposição não. Esta, quanto mais adia sua posição em relação a candidatos e coligações “mais enfraquecida fica”, posto reduzirem-se demasiadamente os espaços de negociações e convencimentos dos eleitores, mesmo sabendo, por outro lado, das dificuldades experimentadas pelas antecipações de candidaturas.
Óbvio que o peemedebista não satisfará os interesses deles. Repisará o discurso de que só tratará de 2018 quando o próximo ano chegar. E que continuará ajudando o Ceará, através do governador e do prefeito da Capital, por ser sua obrigação como representante do Estado no Senado Federal. Um discurso cômodo, e também prudente, embora nada interessante para os oposicionistas que o têm como o nome mais forte para representá-los no embate eleitoral próximo.
Contraponto
Também têm razão os dirigentes partidários de cobrar uma definição de Eunício, agora, não apenas pelo fato de ele ter estimulado o grupo a se manter unido em torno de si, ao afirmar, a partir do resultado eleitoral de 2014, e na campanha municipal de 2016, ser candidato a governador em 2018, com a mesma estrutura daquele momento, como pelo fato de aquelas agremiações não contarem com outros nomes à disposição para fazer o contraponto com Camilo. Uma postulação do senador Tasso Jereissati, o sonho de todos os oposicionistas e o temor dos governistas, por ele mesmo está descartada, segundo aliados mais próximos.
Até o anúncio público da aliança do PMDB com os principais apoiadores de Camilo, o PDT e o PT, surgirão comentários das mais diversas espécies, confirmando e negando a sua existência. A especulação é próprio da política brasileira. Os principais protagonistas, por interesses variados, evitam confirmações públicas, mas agem de modo a que todos percebam o algo novo, tanto na mudança dos discursos como nas orientações aos liderados de se aproximarem dos futuros aliados.
A declaração do ex-governador Cid Gomes, aqui registrada no último dia 16, de ter o governador Camilo Santana a responsabilidade pelas alianças e outras providências com vistas à sua reeleição, podendo contar com todo o seu consentimento, foi uma das senhas para os governistas reticentes começarem a conviver com o novo momento.
A política brasileira é feita à base das conveniências. A participação de Eunício na chapa majoritária de Camilo, satisfará aos interesses dos dois e de seus respectivos companheiros. Da parte do governador, por eliminar um forte adversário e deixar menor a oposição. Para o senador, a composição o deixa mais perto da reeleição, sem o esforço que teria de despender como oposição. Isso, se os correligionários não os forçasse a ser candidato a governador, levando-o ao sacrifício de ter que interromper a sua vida parlamentar.
Reforma Política
No próximo sábado, 7 de outubro, um ano antes do dia da votação, toda a legislação a ser obedecida no pleito de 2018, terá que estar vigorando. O Congresso Nacional, na próxima semana, ainda votará algumas proposições, entre elas a criação do Fundo para custear as despesas dos partidos e candidatos. A Câmara decidiu não votar o projeto aprovado pelo Senado, nesta semana, e vai deliberar sobre uma proposta nova do deputado Vicente Cândido, que, se aceita, ainda precisa receber o aprovo do Senado.
Este, por sua vez, vai apreciar as alterações feitas na emenda constitucional tratando do fim das coligações partidárias.
A emenda constitucional precisa ser promulgada até sábado, enquanto as outras mudanças precisam ser sancionadas pelo presidente Michel Temer. Enfim, de nada valeu toda a discussão travada ao longo dos últimos meses, pois as mudanças a serem introduzidas na legislação eleitoral, muito deixam a desejar.
por Edison Silva / Diário do Nordeste
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