Queimadas destroem vegetação sertaneja na Chapada do Araripe

Queimada destrói vegetação nativa na Serra de Alencar, zona rural de Iguatu, há mais de seis dias, para desespero dos agricultores (Foto: Honório Barbosa/Diário do Nordeste)


A baixa umidade do ar, as altas temperaturas e a falta de chuvas são fatores que, juntos, facilitam a ocorrência de incêndios neste período do ano, sobretudo em grandes áreas com vegetação, como é o caso da Chapada do Araripe, na região do Cariri. Nesse fim de semana, uma queimada destruiu alguns hectares no bairro Granjeiro, no sopé da serra. Há seis dias, um fogo destrói a vegetação nativa na Serra de Alencar, na zona rural de Iguatu.

Casos como estes passam a ser mais frequentes em várias regiões a partir do fim de julho e início de agosto, conforme explica o major do Corpo de Bombeiros de Juazeiro, Norberto Santos. "É importantíssimo que a população se conscientize e trabalhe junto conosco, no sentido de não facilitar ainda mais os incêndios. Alertamos para não jogarem lixo nas ruas ou terrenos baldios e não tocar fogo. Muitas vezes um pequeno foco se alastra e toma grandes proporções".

Segundo o coordenador do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Vicente Alves Moreria, somente no ano passado, foram mais de 110 incêndios combatidos pelo Corpo de Bombeiros e pela Brigada de Incêndio do ICMbio. "Uma considerável parte desses incêndios poderia ter sido evitada se a população tivesse mais consciência", disse. O alerta fica ainda mais importante devido à redução no número de brigadistas do Instituto.

"A dificuldade obviamente fica acentuada devido à redução na equipe, por isso, a importância do trabalho preventivo e do apoio da população", acrescentou. A realidade do efetivo das duas principais cidades do Cariri é semelhante. Somado os homens dos batalhões do Corpo de Bombeiros de Juazeiro do Norte e Crato, o número é de apenas 102. Eles atuam com auxílio de seis caminhões. Para o Major Norberto, o efetivo é satisfatório em situações habituais, no entanto, requer atenção. Em um incêndio de grandes proporções, exemplifica, parte do efetivo teria que ser descolado deixando outras áreas descobertas.

Para minimizar os possíveis prejuízos causados pelo fogo, os brigadistas do ICMbio realizaram na manhã dessa terça-feira, um trabalho preventivo na Chapada do Araripe. "Fizemos os aceiros (faixa de terra limpa para evitar a passagem do fogo) e orientamos as comunidades do entorno das unidades sobre condutas que colocam em risco a natureza", afirmou Vicente.

Iguatu

Na Serra de Alencar, os produtores rurais estão apreensivos com a queimada. Os irmãos, Luís Luziano e Antônio de Araújo, com ajuda de alguns trabalhadores, tentaram debelar as chamas em vão. Na manhã de ontem, um helicóptero da Polícia Militar sobrevoo a área, mas os pilotos acreditaram que o fogo teria se apagado. Um policial bombeiro chegou a ir ao local, mas disse que não há acesso para viatura e não há o que fazer. No meio da tarde, as chamas com o vento e o calor se espalharam.

Fonte: Diário do Nordeste

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