Otimista, Renato de Souza mostra caule da embiratanha, planta que o ajuda nas previsões (Foto: Agência Brasil) |
Neste sábado (9) aconteceu o 20º Encontro dos Profetas da Chuvas, em Quixadá, a 168 km da Capital, e, para muitos deles, a crença é de que ospróximos meses sejam de boas chuvas no Ceará. Os profetas analisam o clima com base em sinais que a natureza dá, como fez Antônio Lima, de 75 anos, que chegou ao encontro com uma casinha da maria e do joão-de-barro.
"Se tiver inverno, a maria-de-barro faz a casa com um material que chuva nenhuma derruba", explica o profeta, mostrando a casa que trouxe como exemplo do que descreve.
Assim como Antônio, Renato Lino de Souza, de 68 anos, está otimista com a quadra chuvosa. Ele mostra o caule da embiratanha, uma planta típica do Semiárido que apresenta estrias grossas ao longo do seu tronco na época da seca. "Essa planta nasce em solo pedregoso e vive para dar sinal de que vai chover. Esses riscos eram bem largos, ela está cicatrizando", descreve.
Em Quixadá, a manhã deste sábado (9) foi nublada. Antônio olhava para o céu e descrevia as nuvens como um véu grosso, trazendo chuva do sul do Ceará para o Sertão Central. Segundo o calendário das chuvas do Ceará, divulgado pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), choveu neste sábado (9) em 96 dos 184 municípios do Estado. Para ele e tantos outros dos 30 profetas reunidos no encontro deste ano, a chuva dos últimos dias mostra que o "inverno" já chegou no Ceará.
No entanto, não é essa a opinião de João Américo da Costa, de 88 anos, que mostra num banner fotos de um formigueiro no leito de um rio seco e a pouca floração do juazeiro. "Já está com três anos que esse formigueiro aparece na barreira do rio e nunca se acaba. A previsão é para um inverno muito fraco."
Enquanto o profeta Antônio Lima se alegra ao olhar o céu nublado, Paulo Costa de Oliveira, de 70 anos, enxerga além das nuvens e diz: "não teremos inverno, teremos chuvas isoladas e localizadas". Ele conta que observou o céu em setembro, na chamada Vigília de Noé, em que se considera a posição dos ventos, dos astros e a corrente de ar. "Este ano, por causa da Zona de Convergência Tropical, bolhas de ar quente que ficam no infinito, a frente fria não passa. Quando essas bolhas desaparecerem é que vai chover no Nordeste."
A população do Ceará aguarda uma boa quadra chuvosa há, pelo menos, cinco anos. O ano de 2015 foi considerado pela Funceme o quarto ano de seca seguida no Estado. A fundação ainda não apresentou o prognóstico dos meses de fevereiro a maio, mas verificou ainda no ano passado que o fenômeno El Niño, caracterizado pelo aquecimento anormal no Oceano Pacífico Equatorial, poderia afetar de forma negativa o regime de chuvas em 2016.
A agricultura e a pecuária também esperam pelas chuvas. Em Riacho Verde, distrito de Quixadá, a chuva de 15 milímetros aferida pela Associação dos Agricultores animou a população. "Tem cantos em que a gente já pode até passar o trator para arar a terra", afirma o presidente da associação, Francisco Rodrigues.
José Andrade, secretário da Agricultura de Capistrano, município a 113 de Fortaleza, foi a Quixadá em busca de informações dos profetas da chuva para levar à sua região, uma vez que os agricultores consideram tais previsões para planejar o plantio.
"Eles acreditam mais nessa experiência que a natureza oferece do que no que os estudos meteorológicos apontam, pois cresceram acompanhando as experiências que os pais deles faziam." O secretário, porém, diz que fica no meio-termo. "Não é que as experiências dos profetas da chuva sejam enganosas, mas, em algumas coisas, a natureza já não responde mais como antigamente. Acredito que essa quadra chuvosa não será seca como aponta a Funceme. No entanto, também não será um inverno tão grande."
Com informações da TV Diário
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