Marco Pigossi em A Regra do Jogo. (Foto: Estevam Avellar/TV Globo)
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Principal produto da grade da Globo, a novela das nove também é alvo maior da atenção dos telespectadores. Depois de pouco mais de três meses cozinhando a história sem muitos grandes acontecimentos, João Emanuel Carneiro movimentou A Regra do Jogo ao trazer novos elementos para a trama central.
A chegada de Kiki (Deborah Evelyn) e a revelação de que Gibson (José de Abreu) é o Pai da facção criminosa da história trouxeram mais luz ao jogo maniqueísta e repleto de camadas proposto pelo autor. Gibson como o poderoso chefão da novela explica as injustiças pelas quais a mocinha Toia (Vanessa Giácomo) passou, uma vez que ela é a verdadeira herdeira da patente do medicamento que aumentou a fortuna do empresário.
Ainda assim, a história tem pontas desatadas que precisam ser melhor explicadas, afinal, coerência é o mínimo que se espera de uma trama policial. O primeiro ponto frouxo de A Regra do Jogo é a ingenuidade excessiva do policial Dante (Marco Pigossi), que ficou ainda mais exacerbada depois da revelação de Gibson como o Pai.
Além de conseguir prender poucos membros da facção, seu personagem nunca percebeu que o próprio pai, Romero (Alexandre Nero), e agora o avô fazem parte do bando que ele tanto persegue. Está certo que Dante cumpre a função de mocinho de novela, aquele que é sempre o último a saber das coisas, mas sua cegueira está ficando enfadonha para quem assiste, e o personagem corre sério risco de rejeição.
Também na mansão dos Stewart, salta aos olhos o fato de Gibson, um homem tão influente e manipulador, permitir que o próprio neto chegue ao posto de investigador policial e faça de tudo para desmantelar a organização que ele próprio comanda. Por que Gibson permitiu isso? Controlador, Gibson poderia muito bem ter demovido o neto da carreira policial. Mais ainda: influente, ele poderia ter minado a ascensão do neto.
Também já deu para perceber que existe algo de disfuncional na personalidade do patriarca, mas, se o empresário queria tanto proteger a família depois do trauma que sofreu (um assalto em sua mansão em que seus entes foram feitos de refém) por que ele manteve a própria filha em cativeiro durante dez anos? É muito pouco crível um pai manter uma filha supostamente morta longe de tudo e de todos sem maiores explicações.
Já na relação de Gibson com Nelita (Bárbara Paz) há algo de subentendido, o que explicaria, em partes, a dupla personalidade dela. Mas o fato é que é bastante confusa a obsessão do Pai em casar Orlando (Eduardo Moscovis) com Nelita. Ele sabe a verdadeira faceta do bandido e mesmo assim o empurrou para a filha. Ou seja, a proteção de sua família, que ele alega ter sido o motivo para fundar a facção, não é tão prioridade assim.
Fora todos esses fatos que circulam pela história central, há o problema das tramas paralelas de A Regra do Jogo. Embora divertida, a família de Feliciano (Marcos Caruso) está solta na história. O embate do playboy falido com Gibson, calcado basicamente no humor, tende a ficar de lado, uma vez que o empresário passa a ter importância maior no núcleo principal da novela. Assim, Feliciano pode seguir sem rumo na história, sob pena de ter seu núcleo cada vez mais solitário. Isso sem falar no quarteto Tina (Monique Alfradique), Ruy (Bruno Mazzeo), Indira (Cris Vianna) e Oziel (Fábio Lago), completamente sem link com o restante das tramas...
Explicar as pontas soltas desse novelo é a tarefa mais urgente que João Emanuel Carneiro tem na reta final de sua história. Ele não é o tipo de autor que enrola para revelar segredos, mas, assim como as revelações, as explicações também precisam ser rápidas.
Fonte: Notícias da TV
A chegada de Kiki (Deborah Evelyn) e a revelação de que Gibson (José de Abreu) é o Pai da facção criminosa da história trouxeram mais luz ao jogo maniqueísta e repleto de camadas proposto pelo autor. Gibson como o poderoso chefão da novela explica as injustiças pelas quais a mocinha Toia (Vanessa Giácomo) passou, uma vez que ela é a verdadeira herdeira da patente do medicamento que aumentou a fortuna do empresário.
Ainda assim, a história tem pontas desatadas que precisam ser melhor explicadas, afinal, coerência é o mínimo que se espera de uma trama policial. O primeiro ponto frouxo de A Regra do Jogo é a ingenuidade excessiva do policial Dante (Marco Pigossi), que ficou ainda mais exacerbada depois da revelação de Gibson como o Pai.
Além de conseguir prender poucos membros da facção, seu personagem nunca percebeu que o próprio pai, Romero (Alexandre Nero), e agora o avô fazem parte do bando que ele tanto persegue. Está certo que Dante cumpre a função de mocinho de novela, aquele que é sempre o último a saber das coisas, mas sua cegueira está ficando enfadonha para quem assiste, e o personagem corre sério risco de rejeição.
Também na mansão dos Stewart, salta aos olhos o fato de Gibson, um homem tão influente e manipulador, permitir que o próprio neto chegue ao posto de investigador policial e faça de tudo para desmantelar a organização que ele próprio comanda. Por que Gibson permitiu isso? Controlador, Gibson poderia muito bem ter demovido o neto da carreira policial. Mais ainda: influente, ele poderia ter minado a ascensão do neto.
Também já deu para perceber que existe algo de disfuncional na personalidade do patriarca, mas, se o empresário queria tanto proteger a família depois do trauma que sofreu (um assalto em sua mansão em que seus entes foram feitos de refém) por que ele manteve a própria filha em cativeiro durante dez anos? É muito pouco crível um pai manter uma filha supostamente morta longe de tudo e de todos sem maiores explicações.
Já na relação de Gibson com Nelita (Bárbara Paz) há algo de subentendido, o que explicaria, em partes, a dupla personalidade dela. Mas o fato é que é bastante confusa a obsessão do Pai em casar Orlando (Eduardo Moscovis) com Nelita. Ele sabe a verdadeira faceta do bandido e mesmo assim o empurrou para a filha. Ou seja, a proteção de sua família, que ele alega ter sido o motivo para fundar a facção, não é tão prioridade assim.
Fora todos esses fatos que circulam pela história central, há o problema das tramas paralelas de A Regra do Jogo. Embora divertida, a família de Feliciano (Marcos Caruso) está solta na história. O embate do playboy falido com Gibson, calcado basicamente no humor, tende a ficar de lado, uma vez que o empresário passa a ter importância maior no núcleo principal da novela. Assim, Feliciano pode seguir sem rumo na história, sob pena de ter seu núcleo cada vez mais solitário. Isso sem falar no quarteto Tina (Monique Alfradique), Ruy (Bruno Mazzeo), Indira (Cris Vianna) e Oziel (Fábio Lago), completamente sem link com o restante das tramas...
Explicar as pontas soltas desse novelo é a tarefa mais urgente que João Emanuel Carneiro tem na reta final de sua história. Ele não é o tipo de autor que enrola para revelar segredos, mas, assim como as revelações, as explicações também precisam ser rápidas.
Fonte: Notícias da TV
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